GNR

A GUARDA FEZ 100 ANOS

A GNR comemorou, em 2011, um centenário de história, numa altura em que a crise orçamental faz descer o número de homens e mulheres nas fileiras, mas em que as missões internacionais revelam a importância da sua especificidade militar, tantas vezes contestada.

Vista durante muitos anos como uma polícia retrograde e severa, a Guarda Nacional Republicana comemora este ano 100 anos de existência e começa a dar à sociedade uma imagem cada vez mais próxima da modernidade, afastando velhos mitos e fantasmas. O facto de ser uma força de segurança de natureza militar, pautada pelos códigos rígidos aplicados às Forças Armadas, marca e sempre marcou a diferença em relação às outras polícias, mas ajudou também a construir a imagem do guarda bruto, sem instrução e de bigode, que tantas vezes compôs o nosso imaginário. No ano em que comemora o seu centenário, a GNR quer mostrar que é hoje uma polícia mais moderna, com guardas mais instruídos e onde, por exemplo, a entrada das mulheres, em 1993, ajudou a mudar a noção de conservadorismo que existia numa polícia criada em 1801, como Guarda Real da Polícia e inspirada na Gendarmerie francesa. Em 1911 passou a Guarda Nacional Republicana e desde então uma das suas responsabilidades é, por exemplo, a guarda cerimonial de vários edifícios públicos, como o Palácio de Belém, o de São Bento ou o das Necessidades. Ao fim de 100 anos de história, a GNR conta nas suas fileiras com 24.108 efectivos, dos quais 1005 eram, em 2010, mulheres. As militares do sexo feminino começaram a chegar à GNR apenas em 1993, uma década depois de a PSP ter começado a acolher sistematicamente agentes femininas. Mas este número de militares revela já a contenção orçamental a que esta polícia tem sido sujeita nos últimos anos. Só no ano passado, a GNR perdeu mais de 1500 militares. Segundo o último balanço social desta força de segurança, a maioria dos militares tem entre os 30 e os 34 anos e a remuneração salarial ronda os 1251 e 1500 euros, embora cerca de 40 homens e 385 mulheres a receber menos de 500 euros por mês. Liderada por um comandante-geral, esta força policial conta desde Janeiro deste ano com a chefia do tenente-general Luís Manuel dos Santos Newton Parreira, que substituiu o tenente-general Luís Nélson Ferreira dos Santos. Newton Parreira ocupa agora a cadeira do poder no emblemático Quartel do Carmo, onde a GNR tem o seu comando-geral. Foi ali que decorreu em 25 de Abril de 1974 todo o processo negocial que levou à queda do Estado Novo.