“O GRANDE DESAFIO PARA O SECTOR PRENDE-SE COM QUESTÕES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL”
Empenhada em apoiar da melhor forma os 10 sistemas intermunicipais que tratam dos resíduos de 94 municípios, de norte a sul de Portugal continental, a Associação de Empresas Gestoras de Sistemas de Resíduos (EGSRA) revela que há muito por fazer. O presidente da associação, Domingos Saraiva, fala em entrevista à FRONTLINE sobre o presente e o futuro dos resíduos que cada um de nós produz e afi rma que, em Portugal, nos últimos anos, se verifi cou “um aumento do valor global de reciclagem, com tendência de evolução crescente”. Parece que estamos no bom caminho!
Como é que surgiu a Associação de Empresas Gestoras de Sistemas de Resíduos (EGSRA)? Qual o seu peso actual no mercado das empresas de gestão de sistemas de resíduos?
Há cerca de 20 anos, os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), após a sua recolha, eram depositados em lixeiras sem qualquer tipo de tratamento. Com a adesão de Portugal à União Europeia, os sucessivos governos têm vindo a comprometer-se com as políticas europeias de ambiente, colocando metas a atingir no que diz respeito ao tratamento e à reciclagem. Passámos, então, da simples deposição em lixeiras para um sistema de triagem, tratamento e valorização energética, através de um enorme investimento financeiro, tecnológico e também ao nível da mudança de mentalidade dos cidadãos e das autoridades públicas, em especial dos municípios. No início deste processo, o País foi dividido em agrupamentos de municípios, cada um tendo constituído uma empresa exclusivamente vocacionada para o tratamento complete dos RSU. Foram criados sistemas municipais, sob a égide da Empresa Geral de Fomento do Grupo Águas de Portugal (EGF), e sistemas intermunicipais, tutelados pelos municípios. Sem qualquer tipo de pólo agregador, estes últimos careciam de capacidade de intervenção e reivindicação políticas para o desenvolvimento do sector. Urgia a associação de esforços numa entidade representativa dos seus interesses comuns. Assim, surgiu a EGSRA. Em Agosto de 2009 foi celebrada a escritura pública e em Novembro do mesmo ano teve lugar a assembleia-geral constitutiva com a eleição dos órgãos sociais, iniciando-se de imediato a nossa actividade. Representamos actualmente 10 sistemas intermunicipais que gerem os resíduos de 94 municípios, de norte a sul de Portugal continental.
Como é que está a reciclagem em Portugal e qual a sua tendência?
Portugal assumiu o compromisso de, até ao fi nal de 2011, reciclar 60% da produção de resíduos de embalagens de papel/cartão e vidro, 50% de metais, 22,5% de plásticos e 15% de madeira. Avaliados os dados de anos anteriores, verifi cou-se um aumento do valor global de reciclagem, com tendência de evolução crescente. Desta forma, encaramos com optimismo a possibilidade de cumprimento das metas até ao final do ano, com alguma reserva apenas no que diz respeito ao valor perspectivado
para o vidro. No entanto, pensamos que as metas individuais, para cada sistema, devem ser revistas. Devido à crise actual, constata-se que a redução dos resíduos de embalagem no fluxo de resíduos urbanos indiferenciados não tem tido cobertura em relação ao aumento da quantidade de materiais nas unidades de triagem, tornando muito difícil o cumprimento individual de cada sistema. (…)