ANO JUDICIAL

ANO JUDICIAL COMEÇA COMO TERMINA

 

A cerimónia de abertura do ano judicial começou com discursos duros dos vários protagonistas, culpas lançadas entre os lados da barricada, críticas inflamadas e um diagnóstico negro do setor. Igual, portanto, à dos outros anos.

 

Todos os anos a história repete-se: abertura do ano judicial recheada de duras críticas ao setor e ao poder político. As acusações são mútuas e, todos os anos, o resultado é o mesmo: muito diagnóstico, pouca ação. Uma e outra vez, os problemas da justiça são classificados, enumerados, destacados. De todas as vezes, nada de novo é feito durante o ano e nada muda verdadeiramente. Por isso, no ano seguinte, voltam a repetir-se as mesmas acusações e as mesmas críticas, quase sempre por parte dos mesmos protagonistas. Este ano não foi diferente. Cavaco Silva, Noronha do Nascimento, Pinto Monteiro e Marinho Pinto dispararam em todas as direções, resta saber se desta vez atingiram de facto algum alvo. Já toda a gente sabe que o setor da justiça é um dos que mais problemas cria ao país. A ineficiência da máquina judicial, a sua burocratização e demora a que normalmente estão condenadas todas as decisões afasta investidores, amedronta as empresas e deixa os cidadãos à beira de um ataque de nervos. Mas nestes discursos, como noutros anos, os protagonistas voltaram a preferir atacar-se entre si, atirando para o outro as culpas do que corre mal. (…)