44 MIL DESEMPREGADOS ANULADOS DAS ESTATÍSTICAS
PS denunciou operação de limpeza nas estatísticas do desemprego. IEFP fala em procedimento normal e confirma 44 mil anulações.
Nos primeiros dois meses de 2013, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) chamou perto de 400 mil desempregados com o argumento de atualizar as bases de dados da entidade, bem como atribuir um gestor de carreira a alguns dos beneficiários. Com aquilo a que a oposição e os sindicatos apelidaram de “operação de limpeza” para fazer baixar as estatísticas do desemprego, saíram dos ficheiros do instituto mais de 44 mil pessoas, só no mês de fevereiro, um pouco mais do que aquelas que saíram dos registos no mês homólogo de 2012 (43 mil pessoas), mas um pouco menos do que no mesmo mês de 2011, quando saíram 48 mil pessoas da base de dados do IEFP, o que levou a críticas feitas na altura, sobretudo pela CGTP-IN. Os dados constam de uma resposta enviada pelo IEFP, através do Ministério da Economia e do Ministério da Segurança Social, à Assembleia da República, após uma pergunta feita pelo grupo parlamentar do PS. Na missiva, os deputados socialistas Nuno Sá e Sónia Fertuzinhos diziam que as convocatórias que estavam a ser levadas a cabo mais não eram do que “um embuste”, uma vez que na realidade nenhuma proposta de trabalho ou formação era apresentada ao desempregado que se dirigia ao centro de emprego. O suficiente para acusarem o Governo de Passos Coelho de estar a desenvolver uma ação que tinha como único objetivo “excluir das bases de dados de desempregados os cidadãos convocados que não comparecem”. Isto porque, quando as pessoas se dirigiam aos centros de emprego ou respondiam via postal, “nenhuma resposta é apresentada, nem se verifica qualquer atualização de dados”, denunciava o PS. Mas o IEFP rejeita a acusação e responde que a convocação não passou de um procedimento normal de controlo mensal, feito via postal ou presencial, que permite “garantir a atualização permanente do ficheiro”. Dizem mesmo que é a forma que o instituto tem de poder fazer melhor a correspondência entre a oferta de emprego e a procura.
Os socialistas tinham também perguntado de quem teria partido a orientação dada aos centros de emprego para realizarem uma “mega-operação” de convocação de desempregados e quanto custou ao erário público o “envio maciço” de convocatórias. No preâmbulo da pergunta escrita dirigida aos ministros Pedro Mota Soares e Álvaro Santos Pereira, os deputados citavam relatos de casos “em que as convocatórias expedidas pelos centros de emprego chegam aos seus destinatários já após a data em que estes deveriam ter-se apresentado, sendo assim anulada a sua inscrição para efeitos de emprego”.