PRESIDÊNCIAIS

2015-10-09-JC03PRESIDENTE CONCILIADOR

Contra tudo e contra todos, Marcelo Rebelo de Sousa venceu as eleições presidenciais à primeira volta. Nesta luta contra todos, o professor conseguiu sair vitorioso com uma votação de 52% e quase dois milhões e meio de votos.

As sondagens feitas na última semana de campanha ficaram confirmadas com os resultados das Presidenciais de 2016 e Marcelo Rebelo de Sousa tornou-se o quinto chefe de Estado do pós-25 de Abril, sucedendo a Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva. O professor de Direito, que manteve todos os seus compromissos académicos e profissionais até ao último dia de campanha, teve como adversários diretos Maria de Belém Roseira e Sampaio da Nóvoa. Estes dois candidatos quebraram a sua ligação com o Partido Socialista e avançaram, sem nunca saber qual dos dois seria o favorito do PS nestas Presidenciais. Esta posição do partido poderá ter sido fulcral para a indecisão no voto dos apoiantes do centro-esquerda, o que levou a que Sampaio da Nóvoa obtivesse 22,89% das intenções de voto e Maria de Belém, apenas, 4,24% – aliás, este resultado foi a grande surpresa da noite, tendo a candidata alcançado menos votos que Marisa Martins, do Bloco de Esquerda. Praticamente indiferente às disputas socialistas, o professor continuou a sua campanha, sempre fazendo questão de afirmar que era uma campanha “de pessoas, para as pessoas e pelas pessoas”. Esta foi sem dúvida uma campanha um pouco diferente, uma vez que o professor não aceitou donativos de partidos, empresas ou particulares, tendo contado com “o trabalho e a colaboração de voluntários”. Por tudo isto, Marcelo sempre pôde assumir, com orgulho, que não era “o candidato de nenhuma fação, partido, coligação, maioria ou minoria”. Com a esquerda a apostar numa segunda volta, o professor não alcançou valores merecedores de destaque, mas mesmo assim garantiu, no final do confronto, a percentagem suficiente para passar a ser o novo inquilino de Belém.

Vitória garantida 66

Graças aos valores alcançados ao longo da noite, Marcelo Rebelo de Sousa entrou, triunfal, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mesmo antes de a contagem dos votos estar terminada. Se o estilo que Marcelo Rebelo de Sousa deu a conhecer aos portugueses durante a sua campanha se mantiver, teremos um Presidente focado em conciliar e mais interessado em tranquilizar ânimos do que em defender linhas políticas e estratégias para o país. Características que serão de feição para António Costa, que terá um Presidente empenhado em garantir a estabilidade governativa. Num discurso de cerca de 15 minutos, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou as “quatro marcas” que pretende que sejam as do seu mandato nos próximos cinco anos. À semelhança do que o candidato sempre disse durante a sua campanha, a estabilidade política é uma das suas prioridades. “O Presidente da República é o primeiro a querer que o Governo governe com eficácia e com sucesso. É indispensável que a oposição seja ativa e representativa porque no seu escrutínio se faz a força da democracia.” “Tudo farei para unir aquilo que as conjunturas dividiram, aproximando, fazendo pontes, cicatrizando feridas”, afirmou o recém-eleito chefe de Estado, confirmando a sua intenção de unir politicamente os que estão em lados opostos e de querer ser um promotor de consensos. Uma vez que a candidatura de Marcelo sempre foi livre e isenta, não acorreram à Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa figuras com responsabilidade do PSD. Mas os ex-membros do Governo Rui Machete, Teresa Morais e António Leitão Amaro, bem como alguns deputados, não quiseram deixar de estar presentes. Já do lado do CDS, o outro partido que recomendou o voto em Marcelo, marcaram presença o porta-voz, Filipe Lobo d’Ávila, e o vice-presidente da bancada, Telmo Correia. Marcelo Rebelo de Sousa tomará posse como Presidente da República a 9 de março.