Cascais Miragem na linha da frente
Aviões rasgaram os céus
Marinho Pereira e Jorge Fachadas foram os dois pilotos portugueses que subiram ao pódio do NOS Air Race Championship. Com cerca de 200 mil pessoas a assistir, no litoral de Cascais, entre a Marina e o Estoril, o hotel Cascais Miragem foi o local de eleição para acompanhar esta prova plena de adrenalina e emoção.
Chegou a Portugal uma competição nunca antes vista. O NOS Air Race Championship é um campeonato de corridas de aviões, com um novo conceito que resultou de um estudo profundo sobre os eventos e competições aéreas atualmente existentes. Tendo como base as famosas Reno Air Races, que contam já com mais de 50 anos de existência nos EUA, este novo conceito, baseado no modelo de competição dos principais eventos motorizados internacionais, foi sancionado pela primeira vez por membros da RARA – Reno Air Race Association, que avaliaram o projeto e concluíram que o mesmo tinha todas as características para se tornar uma competição aérea de nível mundial. A escolha de Portugal para a realização da primeira prova deve-se à inquestionável beleza da baía de Cascais e às magníficas condições climatéricas que o nosso país oferece. A primeira edição do NOS Air Race Championship, que teve a Câmara Municipal de Cascais como anfitriã, serviu de ponto de partida para um campeonato que se prevê, de futuro, ter continuidade a nível internacional, com aeronaves a competir num circuito exclusivo na Europa e, posteriormente, por todo o mundo. Foi celebrada uma parceria inédita entre o NOS Air Race Championship, a Força Aérea Portuguesa e a Marinha, no âmbito das comemorações do centenário da aviação militar em Portugal, tendo a baía de Cascais sido palco de demonstrações de alta performance por parte destas duas entidades, bem como de uma exposição com diversos aviões do Museu do Ar.
A competição do NOS Air Race Championship realizou-se sobre a baía de Cascais e na linha do Estoril, assim como no paddock localizado no Aeródromo Municipal de Cascais, onde as aeronaves descolaram e regressaram após cada prova. Com múltiplas aeronaves a voarem simultaneamente, pilotadas por um grupo internacional de aviadores de elite, o NOS Air Race Championship combinou a competitividade, a audiência massiva e a localização privilegiada, resultando num espetáculo emocionante. O circuito do NOS Air Race Championship contou com seis pylons insufláveis posicionados em jangadas que serviram de demarcação de volta, permitindo às aeronaves competir num traçado exclusivo e meticulosamente selecionado. Duas classes de aeronaves – Vintage e Extreme –, cada uma com oito pilotos nacionais e internacionais, estiveram em prova. Ao longo do fim de semana, após um conjunto de qualificações e superqualificações, os concorrentes alinharam numa grelha de partida, ao melhor estilo das Reno Air Races, definida em função dos tempos previamente obtidos.
O Air Race Championship (ARC) foi projetado detalhadamente, de modo a criar uma nova classe mundial de corridas aéreas. Há mais de dois anos que a organização trabalhava para reunir a melhor equipa, os meios e os conhecimentos de todo o mundo. Como resultado, a equipa ARC é composta por mais de 50 especialistas provenientes de seis países, incluindo gestores, técnicos de segurança e profissionais do desporto. No primeiro dia, as duas classes de aviões em prova – Extreme e Vintage – realizaram duas provas de qualificações cada uma: a especial e a qualificação para a corrida. O dia seguinte marcou a fase que antecedeu a verdadeira competição do NOS Air Race Championship. Os aviões voaram entre os 250 e 350 km/h sobre a baía de Cascais sob a pressão do cronómetro e da expectativa dos muitos espetadores presentes. Durante o segundo dia, sábado, a Força Aérea e a Marinha fizeram as suas participações especiais. A performance das suas aeronaves causou um alto impacto junto da mancha humana presente ao longo da baía de Cascais. A Força Aérea fez uma exibição do Alpha Jet, um avião de treino militar avançado e que levantou o véu para as participações dos aviões F16 que aconteceram no domingo. O helicóptero EH-101 realizou uma simulação de salvamento, demonstrando assim o trabalho que a Esquadra do Montijo, sob o lema “Para que outros vivam”, realiza desde 1978, ano em que iniciou as suas operações. A esquadra 751, “Os pumas”, já salvou mais de 3 mil vidas, 17 delas durante o ano de 2014. A aeronave Alouette III realizou também uma demonstração de salvamento. Para terminar, o Lynx MK-95 – helicóptero da Marinha – apresentou a sua performance de desembarque operacional de Forças Especiais. No dia de encerramento, domingo, ocorreram demonstrações de performance e algumas acrobacias das aeronaves Pitts S2B (um dos aviões utilizados na classe Vintage) e Extra 300 (usado na classe Extreme). Para fechar em grande forma o dia de qualificações, foi feito um voo em formação com todas as aeronaves presentes em prova, no qual participou também o avião Aircraft Socata TB-30 Epsilon, de treino básico militar. Um momento que foi realmente surpreendente, com múltiplas aeronaves a voar em simultâneo.
Foram oito os aviões que rasgaram os céus de Cascais, numa corrida única em tempo real. A primeira prova foi a corrida da classe Vintage, num desafio que contou com a única mulher em prova, Jessie Panzer, na luta pelos lugares do pódio. A classe Extreme colocou em prova Bob Mills, piloto norte-americano que inspirou o filme Top Gun, e uma das mais destacadas figuras da equipa portuguesa de acrobacia aérea, o italiano Santiago Sampietro, que haveria de vencer em Cascais. Pelo litoral de Cascais passou ainda o A340 da TAP, a maior aeronave de passageiros da companhia portuguesa, causando grande emoção entre quem se encontrava na praia do Tamariz. Em termos de classificações, destaque para o primeiro lugar de Kenneth Tomsett, na Classe Vintage, e para a medalha de ouro de Santiago Sampietro, na Classe Extreme. Marinho Pereira (Classe Vintage) e Jorge Fachadas (Classe Extreme) subiram também ao pódio, alcançando ambos o 3.º lugar nas respetivas classes.