MACAU

MACAU, PORTA DE ENTRADA PARA A CHINA

Após 450 anos como um dos principais entrepostos comerciais entre a Europa e a China, Macau continua a ser agora uma importante porta de entrada para os países lusófonos. O turismo e o jogo são os principais atractivos de investimento.

Macau, o último bastião do colonialismo português foi governada por Portugal durante mais de 450 anos. Hoje, a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) pertence ao gigantesco território da China, mas a veia lusa continua a pulsar pelas ruas e a ligação cultural e afectiva a Portugal faz com que seja um potencial de investimento a não descurar. Os apoios dados pelo governo de Chui Sai On são bastantes e procuram aumentar a diversificação da economia macaense. No caso dos empresários oriundos de países de língua portuguesa, essas vantagens são ainda maiores, muito por culpa do português ser uma das línguas oficiais da região. Além disso, os consultores de investimento, marketing e a nível legal de Macau têm um conhecimento privilegiado quer do regime do território, como da ponte que é necessário fazer com as jurisdições lusófonas.

Também os instrumentos oficiais ao dispor dos empresários lusos podem ajudar a facilitar a aproximação à economia macaense. Desde 2003, foi criado o Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que permite aceder a um leque de informações que facilitam o investimento em Macau e na própria China, participar em feiras comerciais, acções de promoção económicas, etc.

 

Uma economia de serviços

A RAEM é cada vez mais uma economia direccionada para os serviços, com especial destaque para o jogo, com os seus múltiplos casinos, turismo, hotelaria, restauração e serviços financeiros. Macau está também a apostar nas novas tecnologias, na economia de baixo carbono e na poupança energética. Campos em que as empresas portuguesas estão, a cada dia que passa, mais especializadas e com vontade de se internacionalizar. Ainda assim, tudo o que estiver relacionado com o jogo tem muito mais hipóteses de ser bem sucedido. Basta ver que em 2010, Macau recebeu a visita de 25 milhões de turistas, e só o sector do jogo gerou receitas, em 2006, de cerca de 55 mil milhões de patacas. Entre as vantagens atractivas para investir em Macau, destaca-se a baixa carga fiscal, entre 2% e 15% sobre os lucros, e até mesmo a isenção total no caso de compra de terrenos com fins industriais. Ter a autorização do governo para o investimento, garantir a diversificação da economia macaense e abrir as portas das exportações são alguns dos ingredientes essenciais para se garantir o sucesso do negócio. A presença de empresas portuguesas na economia de Macau está ainda longe de todo o seu potencial, mas os portugueses não ignoram que a ligação do território à China é, só por si, um grande incentivo. Portugal é já hoje o terceiro principal parceiro comercial lusófono da China e ao longo de 2010 comprou a Pequim produtos no valor de 1,82 mil milhões de euros e vendeu produtos no valor de 547,6 milhões de euros. As trocas comerciais entre os dois países aumentaram, em 2010, 35,9%, para um total de 2,36 mil milhões de euros.

 

Relações com as empresas portuguesas

Um dos maiores investimentos portugueses actualmente em Macau é a Malo Clinic, do empresário Paulo Malo. Trata-se do maior grupo dentário português e já investiu em Macau 45 milhões de dólares, cerca de 32,5 milhões de euros. A Malo Clinic Spa de Macau representou, em 2010, um volume de negócios de cerca de 3 milhões de euros e o empresário espera que esse valor suba para os 5 milhões ainda este ano.

No que toca ao turismo, Portugal recebeu recentemente na Bolsa de Turismo de Lisboa a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau, num stand onde houve adivinhos e calígrafos. A ideia foi mostrar o binómio “património histórico/turismo de negócios”, com a RAEM a querer apresentar-se como um destino para reuniões e eventos internacionais a ter em conta. Para já, Portugal perdeu um importante elo de ligação com Macau, depois de, em 2010, a TAP se ter libertado da posição que detinha na Air Macau, por cerca de 2 milhões de euros. A posição lusa na transportadora macaense era detida pela SEAP – um consórcio controlado em 75% pela TAP e pelo Banco Nacional Ultramarino. A principal accionista era a Air China, e foi quando a transportadora chinesa decidiu, em 2009, avançar com um aumento de capital na Air Macau para controlar os prejuízos, que a “tinta estalou”. A TAP não aceitou subscrever essa proposta e a sua posição foi reduzida para 0,1%. De 2005 a 2008, a transportadora aérea nacional tinha absorvido nas suas contas perdas de 8,45 milhões de euros vindos da Air Macau. Segundo declarações recentes de responsáveis da TAP, a companhia não tem para já no seu horizonte a intenção de retomar as ligações directas com Macau. Ciente das potencialidades económicas de Macau, o primeiro-ministro português José Sócrates visitou oficialmente a região em Novembro de 2010, acompanhado de uma comitiva de empresários e banqueiros, como o presidente do BCP, Carlos Santos Ferreira, e o do BES, Ricardo Salgado, interessados naquela economia. Sócrates participou no Fórum Macau e teve um encontro bilateral com o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao. Durante a visita foram assinados acordos entre grandes empresas portuguesas e chinesas, entre os quais um protocolo de cooperação entre o banco BPI e o Bank of China, que permitirá lançar, através de Macau, uma plataforma para oportunidades de negócio na China e nos países lusófonos. Foi também assinado um programa de cooperação ao nível da língua, cultura, educação, ciência, tecnologia, desporto e comunicação social.