VISITA OFICIAL

SOLIDARIEDADE BRASILEIRA NUMA VISITA RELÂMPAGO

Dilma Roussef e Lula da Silva estiveram em Portugal pouco antes da chegada do FMI e deixaram a garantia de que o Brasil vai procurar ajudar a economia lusa a superar a crise. A cumprir 100 dias de mandato, a “Presidenta” falou ainda no reforço de relações entre as empresas dos dois países.

 

A cumprir 100 dias à frente de uma das mais promissoras economias do momento, Dilma Roussef, a “Presidenta” recentemente eleita do Brasil, veio a Portugal para assistir à cerimónia de entrega do título de professor Honoris Causa da Universidade de Coimbra ao seu carismático antecessor Lula da Silva e fez questão de anunciar que o seu país está a estudar a melhor forma de ajudar Portugal numa altura em que a Europa e os seus Estados-membros enfrentam uma das mais graves crises económicas e financeiras de sempre. A visita oficial, prevista para 29 e 30 de Março, tinha na agenda encontros com o Presidente da República, Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro demissionário, José Sócrates, mas a morte do ex-presidente do Brasil José Alencar acabou por encurtar a visita e impedir estes encontros. Pouco mais tempo houve do que para conversas informais entre Belém e a chefe do Governo do Planalto, em que Dilma terá garantido a Cavaco Silva que vai procurar usar todos os meios ao seu dispor para ajudar Portugal neste momento difícil.Em entrevista ao Diário Económico, Dilma confessou isso mesmo: que há a possibilidade de o Brasil comprar dívida pública portuguesa e que o país está disposto a “ajudar Portugal como Portugal ajudou o Brasil economicamente”. Uma opinião que é partilhada por Lula da Silva, que considerou que o Brasil “tem condições para ajudar” o nosso país. Como? Foi a pergunta que ficou por responder. Ainda assim, Dilma deixou algumas pistas.

 

Entendimento entre empresas brasileiras e portuguesas

Na mesma entrevista, a Presidente brasileira garantiu que a estratégia do seu país passa também por “aumentar a presença de capitais em Portugal”, um país que “é a porta de entrada na Europa”. Em cima da mesa, como alternativa à compra de dívida soberana, Dilma Roussef explicou que a equipa económica brasileira está a estudar também a possibilidade de efectuar uma operação de “recompra antecipada de títulos brasileiros na posse do Governo português”. Com a língua e a cultura a servirem de pontes privilegiadas de ligação entre os dois países, também o estreitar de laços entre as empresas lusas e brasileiras foi um dos pontos-chave da visita de Dilma a Portugal. A Presidente não descartou um entendimento entre as empresas petrolíferas Galp e Petrobras e salientou a importância de reforçar esses mesmos entendimentos em sectores como a energia, o turismo, a aeronáutica, as telecomunicações e os media. “O Brasil tem vindo a tornar-se, nos últimos anos, um país exportador de capital e muitas empresas brasileiras estão interessadas no mercado português, pelas suas infra-estruturas, a sua mão-de-obra altamente qualificada e versátil e pelo arrojo do seu sector empresarial”, lembrou Dilma. Lula da Silva também não se cansou de garantir que Portugal poderá contar com a solidariedade do Brasil. Na Assembleia da República, onde recebeu, das mãos do Presidente Cavaco Silva, o Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa, também entregue à canadiana Louise Arbour, presidente do International Crisis Group, o ex-presidente disse que “o Brasil será solidário com Portugal, porque nos interessa que, neste momento, a economia continue a crescer e que não haja nenhum retrocesso”. Já Cavaco destacou Lula como um dos grandes líderes mundiais, pela sua “capacidade de traduzir ideais em realizações concretas e mobilizadoras de esperança”. (…)