VOLVO OCEAN RACE

PROVA NÁUTICA

A Volvo Ocean Race, a mais antiga regata à volta do mundo com escalas, realiza-se de três em três anos. A presente edição, que conta com sete tripulações, entre elas um barco com bandeira portuguesa, vai percorrer 45 mil milhas náuticas e atravessar quatro oceanos. A prova termina em Haia, na Holanda, no final de junho de 2018 e já passou por Lisboa.

A primeira etapa da Volvo Ocean Race (VOR) é um percurso curto, que começou em Alicante, Espanha, e avançou em direção a Lisboa. À chegada à capital portuguesa, a falta de vento transformou o fim desta etapa numa lotaria. Como sempre Lisboa mostrou-se caprichosa a receber a frota da Volvo Ocean Race, a maior regata de circum-navegação do globo. A terminar a primeira etapa da regata com ventos muito fracos ou mesmo inexistentes, as equipas progrediram pelo Tejo até Pedrouços a passo de caracol. Uma equipa esteve quase a largar a âncora para impedir o barco de andar para trás, empurrado pelas correntes. Outra teve mesmo de o fazer, em Algés, a metros da linha de chegada, para não acabar encalhada. A equipa Vestas 11th Hour Racing, do skipper norte-americano Charlie Enright, venceu a etapa com um desempenho imperial. Pouco depois de Alicante, Enright – que tem consigo um dos mais experientes navegadores da atualidade, o britânico Simon Fisher, vencedor da edição 2014-2015 da VOR – conquistou a liderança da frota e nunca mais a largou até ao fim. Fez as 1450 milhas náuticas do percurso, que incluiu uma incursão no Atlântico até Porto Santo, em pouco mais de seis dias e chegou a Lisboa sem grandes sustos. Já os outros concorrentes não tiveram a mesma sorte.

 

Potenciais vencedores

Os espanhóis da Mapfre – candidatos à vitória final, sob a liderança do basco Xabi Fernández, pela primeira vez skipper a tempo inteiro – chegaram à barra de Lisboa com vantagem sobre a Dongfeng. Uma vantagem que, devido à falta de vento, começaram a perder. Os espanhóis conseguiram assegurar o segundo lugar, mas a apenas 15 minutos de diferença da equipa do francês Charles Caudrelier. Na disputa entre o 4.º (AkzoNobel) e o 5.º lugar (Sun Hung Kai/Scallywag), o australiano David Witt da Scallywag tentou, já no Tejo, ultrapassar a AkzoNobel do holandês Simeon Tienpont, e a fúria foi tanta que bateram com o patilhão no fundo, tendo de largar ferro para evitar desastres maiores. A AkzoNobel – equipa a braços com uma grave crise interna, com o skipper holandês Tienpont despedido a uma semana do início da VOR e readmitido por ordem do tribunal a dois dias da partida – acabaria por assegurar o 4.º lugar, ficando a Scallywag a seguir na tabela. A bordo do AkzoNobel estava o velejador português António Fontes, emprestado à última hora em Alicante pela Scallywag (onde era suplente). Fontes tornou-se assim o primeiro português na história de mais de 40 anos desta regata a terminar uma etapa em Lisboa. A última batalha foi a mais disputada. O Team Brunel, capitaneado pelo veteraníssimo velejador holandês Bouwe Bekking – sete voltas ao mundo, agora a iniciar a oitava – cruzou a meta com apenas sete minutos de vantagem sobre o barco de bandeira portuguesa da Turn the Tide on Plastic, de cuja tripulação fez parte, nesta etapa, o português Bernardo Freitas. Foi o fim de uma batalha entre os dois que já durava há dias, sempre encostados um ao outro. Depois de alguns dias em Lisboa, a frota partiu para a segunda etapa, Lisboa-Cidade do Cabo (África do Sul).