Disputado pela sétima vez na América do Sul, o Rali Dakar voltou à estrada para levantar poeira. Onze pilotos portugueses enfrentaram, em 2015, a dura maratona de todo-o-terreno. O ponto de partida e chegada voltou a ser em Buenos Aires, a capital da Argentina, que recebeu inicialmente o rally em 2009. Mas nem tudo foi um regresso ao passado.
Foi com 11 portugueses na linha de partida que arrancou a 37.ª edição do Rali Dakar, a sétima em terras sul-americanas. Com partida e chegada em Buenos Aires, a dura maratona de todo-o-terreno percorreu, ao longo de 14 dias, perto de 9200 km (4600 dos quais cronometrados para automóveis e motos) entre estradas, pistas e dunas, distribuídas pela Argentina, Chile e Bolívia. No total estiveram inscritos 414 veículos, segundo revelou a organização da prova. Nos carros, e ao volante de um Mitsubishi navegado por Paulo Fiúza, o veterano Carlos Sousa voltou a estar em destaque. Esta edição marcou também o regresso de Ricardo Leal dos Santos. Para além deste trio, participaram ainda Filipe Gameiro e Vítor Jesus, que foram navegadores do chileno Boris Garafulic (Mini) e do argentino Nazareno Lopez (Toyota), respetivamente. Entre as novidades nos automóveis, é de referir o regresso da Peugeot a uma competição que já dominou entre 1987 e 1990, com quatro vitórias. A equipa francesa apostou forte num trio de pilotos consagrados, que soma 17 títulos entre si. Encabeçada pelo francês Stéphane Peterhansel, que detém um recorde de 11 triunfos na prova (entre motos e automóveis), a equipa contou também com o francês Cyril Despres, detentor de cinco vitórias nas motos, e com o espanhol Carlos Sainz, ex-campeão mundial de ralis e vencedor da edição de 2010 do Dakar. Esta forte aposta da Peugeot pretendeu interromper a hegemonia da Mini, que venceu as últimas três edições. A Mini, por seu lado, apostou, de forma vigorosa, na revalidação do título do espanhol Nani Roma, que teve como colega de equipa o qatari Nasser Al-Attiyah.
A aposta portuguesa foi nitidamente mais forte nas duas rodas, com as presenças de Hélder Rodrigues (Honda), terceiro classificado em 2011 e 2012; Paulo Gonçalves (Honda); Ruben Faria (KTM) e Mário Patrão (Suzuki). O espanhol Marc Coma (KTM) surgiu como um dos principais favoritos, defendendo o título conquistado na última edição, com o seu compatriota Joan Barreda (Honda) e o francês Olivier Pain (Yamaha) que surgiram também entre os favoritos este ano, numa lista que incluiu ainda os dois portugueses da Honda. Nos camiões, a representação portuguesa esteve a cargo de Pedro Velosa (Iveco) e José Martins (Renault), numa categoria em que o russo Andrey Karginov (Kamaz) partiu com o estatuto de campeão em título.
O piloto português Paulo Gonçalves terminou a prova no 2.º lugar. Marc Coma (KTM) foi o vencedor desta edição – conquistando assim o seu quinto título –, ao terminar com um tempo final de 46 horas, 3 minutos e 49 segundos, 16,53 minutos mais rápido do que o português. Toby Price (KTM) completou o pódio. Quanto aos restantes portugueses, Ruben Faria (KTM) terminou o Dakar 2015 na 6.ª posição da geral, a 1:57,50, enquanto Hélder Rodrigues (Honda) foi 12.º, a 4:00,15. Paulo Gonçalves não esconde a ambição de querer ser o primeiro português a ganhar o Dakar e os portugueses também não escondem o seu orgulho. Depois de ter alcançado o segundo lugar no Dakar 2015, o piloto da Honda foi recebido em festa no Aeroporto Sá Carneiro e admitiu que a única forma de melhorar este segundo lugar é “ganhar”. Paulo Gonçalves recordou, também, as exigências do Dakar: temperaturas negativas à partida, o calor extremo na chegada, as diferenças de altitude e as sucessivas alterações de piso, combinações que provocam “desafios distintos”.