AVANÇOS IMPORTANTES
A 10.ª edição do Prémio António Champalimaud de Visão reconheceu o contributo de Christine Holt, Carol Mason, John Flanagan e Carla Shatz para a compreensão da relação existente entre os órgãos responsáveis pela visão: os olhos e o cérebro.
O Prémio António Champalimaud de Visão tem o apoio da “Visão 2020 – O Direito à Visão”, uma iniciativa global para a prevenção da cegueira lançada em colaboração com a Organização Mundial da Saúde e com a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira. Esta distinção é atribuída, anual e alternadamente, entre as contribuições para a investigação genérica na área da visão (em anos pares) e as contribuições para o alívio dos problemas da visão, fundamentalmente nos países em desenvolvimento (em anos ímpares). Podem candidatar-se ao prémio laboratórios/organizações produtivas ou esforços de colaboração, que desta forma podem envolver grupos provenientes de mais do que uma instituição ou disciplina. O prémio não se dirige apenas às grandes organizações mundiais, mas a todas as organizações, seja qual for a sua dimensão, que consigam demonstrar resultados com grande impacto. Estas podem ter um âmbito local, nacional, regional ou internacional. O júri do prémio é constituído por um painel de reputados cientistas internacionais e de notáveis figuras públicas cujas vidas têm sido dedicadas à resolução dos problemas e à supressão das necessidades do mundo em vias desenvolvimento.
Prémio António Champalimaud de Visão 2016
Este ano a distinção foi atribuída a Christine Holt, Carol Mason, John Flanagan e Carla Shatz, quatro cientistas que protagonizaram um assinalável avanço na área da visão, que vem possibilitar o tratamento, no futuro, de muitos e diferentes distúrbios da visão através de terapias neurológicas e representa uma verdadeira revolução nos padrões conhecidos da ciência e nas consequentes abordagens terapêuticas. Para podermos ver, locais específicos do nosso cérebro têm que receber sinais de células específicas nos dois olhos. As projeções neuronais destas células da retina têm que tomar decisões de navegação no caminho que percorrem em direção aos seus destinos específicos no cérebro, uma vez que estes são essenciais para a formação de um mapa preciso do mundo visual. A nossa visão é altamente dependente destas conexões sinápticas entre a retina e os locais correspondentes nos centros visuais superiores do cérebro. Quando as projeções da retina não são formadas corretamente, a visão formada no cérebro torna-se anormal e a nossa capacidade de ver é muito prejudicada.
Um projeto vencedor
A relação que os vencedores do Prémio António Champalimaud de Visão 2016 estabeleceram entre os olhos e o cérebro abre a possibilidade de curar certos distúrbios da visão através de tratamentos neurológicos. Terapias direcionadas ao cérebro e à sua capacidade de receber com precisão projeções da retina podem, desta forma, ser a chave para descobrir novos tipos de tratamento e trazer visão a quem se encontra incapaz de ver, resultado de conexões sinápticas mal estabelecidas. Muito do que sabemos atualmente sobre os mecanismos celulares e moleculares envolvidos no estabelecimento e definição dos padrões de projeções retinianas vem dos esforços individuais e coletivos de Christine Holt, Carol Mason, John Flanagan e Carla Shatz, agora premiados pela Fundação Champalimaud. O seu trabalho inovador tem vindo a revolucionar aquilo que conhecemos acerca da conexão entre os dois órgãos fundamentais responsáveis pela visão e possibilitou um avanço muito significativo da nossa compreensão do sistema visual.