A moda das lavandarias self-service já chegou a Portugal, e a forma como tratamos da nossa roupa está a mudar. Em Lisboa, as lojas proliferam, e tanto para investidores como para clientes parece que a moda compensa.
Há muito que as lavandarias self-service, que nos habituámos a ver nos filmes americanos, chegaram às principais cidades europeias. Mas em Portugal, onde quase todas as casas têm máquina de lavar, o conceito demorou a ganhar raízes. Em Lisboa, as primeiras lojas surgiram no final de 2012, e desde então não pararam de surgir pela cidade e arredores. No Porto, a expansão do negócio está a ser mais lenta, mas a verdade é que a moda já se espalhou por dezenas de cidades de norte a sul. Para Luís Abrantes, dono da lavandaria Lava & Seca, em São Marcos, Sintra, a ideia de apostar numa lavandaria deste tipo “surgiu naturalmente” de uma necessidade “não satisfeita pela oferta”. O mercado das lavandarias, ditas clássicas, está, tal como revela Luís Abrantes, “saturado”, o que levou a uma seleção natural que culminou com o encerramento de muitas e a deslocalização de outras. Resistiram aquelas que conseguiram oferecer soluções de serviço e preços que as distinguem das demais. O conceito de self-service cumpre o desafio de oferecer um serviço a baixo preço (inferior às lavandarias clássicas e à lavandaria doméstica), rápido e com uma envolvência do cliente no processo, o que acaba por ter uma componente lúdica. Se a tudo isto juntarmos a possibilidade de lançar um negócio com uma estrutura de funcionamento extremamente ágil, este negócio revela-se “um cocktail quase perfeito”, sublinha Luís Abrantes. Não é fácil calcular a poupança que o consumidor tem, porque a equação é muito variável. Depende do tipo de máquina, dos programas de lavagem, da tarifa da água (que varia muito entre concelhos), da opção ou não por uma tarifa de luz bi-horária, da sujidade da roupa, do detergente utilizado. Nas lavandarias self-service, os preços variam entre quatro euros para máquinas de 7 ou 8 quilos e nove euros para as de 19 quilos, sendo que, praticamente, todas as lojas disponibilizam cartões-cliente ou “chaves” que se traduzem em descontos. Em termos de poupança, em relação à lavagem e secagem doméstica, esta varia entre os 40% e os 60%, mas na hora da decisão não é tanto a poupança que pesa mais, mas sim o tempo e a comodidade. Outra das vantagens de optar por este tipo de lavandaria é, tal como afirma Luís Abrantes, “a qualidade da lavagem”, que é consideravelmente superior. “A qualidade de lavagem também é explicada pelos detergentes, higienizantes/branqueadores e amaciadores que utilizamos nas nossas máquinas. São produtos profissionais, doseados de forma automática, garantindo a máxima eficácia e qualidade”, revela Luís Abrantes. Tambores de grande capacidade proporcionam uma eficácia de lavagem muito superior. Por outro lado, a possibilidade de utilizar secadores industriais de grande capacidade, possibilita efetuar uma secagem de grande qualidade, em minutos.
Não existe um cliente-tipo das lavandarias self-service. São mulheres e homens, mais novos e mais velhos, que vivem nos centros urbanos. Alguns começam por ir só porque a máquina avariou, ou para lavar peças grandes, mas acabam por levar o resto da roupa. Em algumas zonas, os principais clientes são estudantes, estrangeiros a residir temporariamente em Portugal e também turistas, que procuram alternativas às lavandarias dos hotéis, que são consideravelmente mais caras. A maioria das lojas tem horários de funcionamento alargados e está aberta 365 dias por ano. Para os proprietários compensa, e muito, porque não há despesas com pessoal. A principal despesa de funcionamento é a renda, que nos centros urbanos encarece qualquer negócio. As faturas da luz, água e gás (as máquinas de secar funcionam a gás) variam em função da procura, ou seja, das receitas.