NATA DA VELA VEIO “VOAR” A LISBOA
Entre 6 e 9 de outubro, o rio Tejo foi palco de uma das mais emocionantes competições de vela da atualidade, as Extreme Sailing Series. A prova de Lisboa, a penúltima deste ano, reuniu nove equipas, entre as quais a portuguesa SAIL Portugal – Visit Madeira e, pela primeira vez, uma equipa exclusivamente feminina, a Thalassa Magenta Racing, que também conta com uma velejadora portuguesa a bordo.
Barcos a “voar”, no sentido literal do termo, foi o que as largas centenas de pessoas, entre convidados e público em geral, tiveram oportunidade de ver, nos primeiros dias de outubro, na penúltima ronda das Extreme Sailing Series, que trouxeram os seus catamarãs GC32 a Lisboa. No Tejo, frente à doca de Pedrouços, que albergou a Race Village, alinharam nove equipas que, durante quatro dias, disputaram 23 corridas em condições que a generalidade dos atletas considerou excecionais e com os catamarãs a atingirem velocidades na casa dos 60 km/h. Hans-Peter Steinacher, o tático da equipa da Red Bull Sailing Team, considerou mesmo a regata como uma das mais emocionantes que já fez na sua vida: “já ando nisto há quase 40 anos e nunca fiz coisas como esta. É raro perdermos o controlo, mas hoje andámos mesmo no limite”. Lisboa marcou também uma grande surpresa em toda a competição, com a Red Bull Sailing Team a ultrapassar a equipa da Oman Air e a relegar a tripulação de Morgan Larson para a 4.ª posição, fazendo-a perder pela primeira vez um lugar no pódio, na sétima e penúltima ronda da prova, em 2016. Já a equipa portuguesa não foi feliz em terras lusas quando, na quinta regata do terceiro dia de competição, a sua tripulação não conseguiu evitar uma colisão com o catamarã americano da Vega Racing. O barco da equipa portuguesa sofreu um rombo lateral e teve de abandonar a prova, sendo rebocado para a doca. Felizmente, nenhum dos tripulantes ficou ferido, e após uma noite de empenho de todos os seus elementos para repararem o catamarã, conseguiu voltar à competição terminando, mesmo assim, em 8.º lugar da classificação geral. Após Lisboa, a classificação geral continua a ser liderada pela Oman Air, apenas separada por dois pontos da equipa suíça da Alinghi, que conta agora com 77 pontos no total. Juntando a este cenário a Red Bull Sailing Team, apenas a quatro pontos do segundo classificado, estão reunidas todas as condições para que a última prova da temporada, a disputar em Sidney, seja emocionante, com o vencedor ainda em aberto.
As equipas
Alinghi (Suíça) – considerada uma das equipas mais experientes, compete pela sexta vez nas Series e tem como responsável da equipa de terra, desde a sua formação, o experiente velejador português João Cabeçadas. Land Rover BAR Academy (Grã-Bretanha) – foi uma nova aquisição no circuito deste ano. A equipa é composta por uma seleção de velejadores da Academia Land Rover BAR, que se revezam a bordo durante toda a temporada, o que lhes permite ganhar experiência através da prática, vital para o seu desenvolvimento como atletas. Oman Air (Omã) – equipa muito experiente que teve um começo auspicioso em 2016, ganhando mais de 50% das regatas do primeiro ato, um feito sem precedentes. Esta experiência, aliada às suas anteriores participações no circuito, torna-a uma das favoritas desta temporada. Red Bull Sailing Team (Áustria) – compete este ano pela sétima vez nas Series. A equipa é liderada por Roman Hagara e Hans-Peter Steinacher, ambos medalhados por duas vezes com ouro olímpico. SAIL Portugal – Visit Madeira (Portugal) – a primeira equipa portuguesa na história do circuito, composta por Diogo Cayolla (skipper/leme), Frederico Mello (trimmer da vela grande), Nuno Barreto (trimmer da genoa), Luís Brito (proa) e João Matos Rosa (floater). Diogo Cayolla é um dos mais conhecidos velejadores portugueses, tendo competido em três Jogos Olímpicos, bem como nas America’s Cup World Series. A tripulação conta também com Nuno Barreto, medalhado olímpico em Atlanta 1996. O responsável da equipa de terra é Gil Conde e recentemente juntou-se à equipa como treinador João Rodrigues, o “português mais olímpico de sempre”, que conta com sete participações nos Jogos Olímpicos. SAP Sailing Team Extreme (Dinamarca) – ficou em 2.º lugar em 2015 e tem como objetivo vencer as Series este ano. Engloba o talentoso velejador português Renato Conde, que anteriormente era o responsável da equipa de terra da SAP Extreme Sailing Team, função que acumula este ano. A estas equipas juntaram-se na etapa de Lisboa a equipa NORAUTO (França), comandada pelo skipper Adam Minoprio, e a equipa Vega Racing (USA), comandada pelo skipper americano Brad Funk, com o português José Costa na equipa de terra, que confirmou também a sua participação no Ato de Lisboa, depois da estreia na etapa da Madeira, fazendo subir o número de equipas para nove no total. A primeira equipa totalmente feminina de GC32, a Thalassa Magenta Racing (Canadá) fez também a sua estreia em Lisboa, com algumas das mais importantes e bem-sucedidas atletas femininas do mundo da vela. A tripulação era composta por seis velejadoras, um elemento a mais do que as equipas masculinas, contando com a velejadora portuguesa Marina Lobato, e teve aos comandos a skipper olímpica da Nova Zelândia Sharon Ferris-Choat.