LUGAR COM HISTÓRIA
Localizada no carismático bairro de Campo de Ourique, em Lisboa, a casa onde Fernando Pessoa morou nos últimos 15 anos da sua vida (1920-35) assume-se hoje como uma ativa casa de cultura. Aí é possível visitar-se o quarto do poeta, com a cómoda original sobre a qual, no chamado “dia triunfal”, Pessoa deu voz aos seus principais heterónimos.
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, na freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Diretório), a 13 de junho de 1888. Tradutor ou correspondente estrangeiro em casas comerciais, Pessoa era poeta e escritor não por profissão, mas por vocação. A sua obra está dispersa por várias revistas e publicações ocasionais. Em termos de livros ou folhetos, destaque para 35 Sonnets (em inglês), de 1918; English Poems I-II e English Poems III (em inglês também), de 1922, e para o livro Mensagem, de 1934, premiado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, na categoria “Poema”. O folheto “O Interregno”, publicado em 1928, e constituído por uma defesa da Ditadura Militar em Portugal, deve ser considerado como não existente. Fernando Pessoa era um homem magro, com uma figura esguia e franzina. Tinha o tronco meio corcovado. As suas pernas eram altas, não muito musculadas, e as mãos delgadas e pouco expressivas. Tinha um andar desconjuntado e o passo rápido, embora irregular, o que identificava a sua presença à distância. Vestia habitualmente fatos de tons escuros, cinzentos, pretos ou azuis, usava também chapéu, vulgarmente amachucado e um pouco tombado para o lado direito. O seu rosto era comprido e seco. Os seus pequenos óculos redondos, com lentes grossas, muitas vezes embaciadas, escondiam uns olhos castanhos míopes. O seu olhar quando se fixava em alguém era atento e observador, às vezes mesmo misterioso. Usava um bigode à americana, o que lhe conferia um charme especial.
Descobrir o poeta
Inaugurada em 1993, a Casa Fernando Pessoa foi concebida pela Câmara Municipal de Lisboa e é hoje gerida pela EGEAC. Neste espaço cheio de misticismo e mistério descobrem-se objetos pessoais como a máquina de escrever do poeta, os óculos e blocos de apontamentos, entre outros elementos que complementam o acervo da Casa Fernando Pessoa. O espaço inclui ainda uma sala multimédia – o Sonhatório – e a preciosa biblioteca particular do autor, digitalizada e disponível para consulta online. Este espaço polivalente está disponível para receber colóquios, espetáculos, debates e conferências sobre literatura, exposições e oficinas para o público infantil. Existe também um serviço de visitas guiadas, por marcação, e uma biblioteca, especializada em poesia e, claro, em Fernando Pessoa, que é de livre acesso. Na Casa Fernando Pessoa há ainda lugar para a gastronomia. O restaurante Flagrante Delitro recebe, de segunda a sábado, à hora do jantar, todos os que pretendem desfrutar de uma refeição num local emblemático da cidade de Lisboa.