SICÍLIA

O ANFITEATRO DO MEDITERRÂNEO

A ilha da Sicília só foi anexada ao reino da Itália, em 1860, quando os últimos Bourbons foram expulsos por Giuseppe Garibaldi, com a ajuda dos Camisas Vermelhas. Com o advento da República, em 1949, a Sicília obteve o estatuto especial de região administrativa autónoma. Hoje em dia, esta integração tardia e a sua história conturbada e rica podem ler-se na sua paisagem, na cultura e nos costumes dos sicilianos.

 

Quando os gregos iniciaram a colonização do território por volta de 750 a.C., fundando cidades ao longo da orla marítima, encontraram povos autóctones pré-helénicos, que foram sendo progressivamente aculturados. Data desta altura a introdução da vinha e da oliveira, que ainda hoje são fundamentais na economia agrária da ilha. Em Siracusa, a mais importante colónia grega da Sicília; em Selinunte, no maior parque arqueológico da Europa; em Agrigento, no impressionante vale dos Templos, e em Naxos, podemos encontrar alguns dos vestígios arquitectónicos mais representativos do brilhantismo do povo grego.

Os romanos conquistaram a Sicília em 212 a.C. A Vila Romana del Casale, os topónimos e a própria paisagem, que é o resultado da desflorestação sistemática para ganhar espaço para o cultivo de cereais – a Sicília foi considerada, a partir de determinada altura, como o celeiro do Império – testemunham esta permanência de séculos. A conquista árabe da ilha iniciou-se em 827 da nossa era. O claustro e os tectos da catedral de Monreale, na Piazza Guglielmo, e as cúpulas vermelhas de San Giovanni degli Eremiti são alguns bons exemplos da arte islâmica que ainda hoje podem ser admirados. Os normandos, comandados por Rogério de Hautville, invadiram a ilha em 1061. A Catedral de Palermo e o Palácio dos Normandos são dois edifícios que preservam elementos que atestam a opulência de um reinado que durou 205 anos. Em 1282, Pedro de Aragão foi coroado rei da Sicília, iniciando-se assim o domínio espanhol que duraria 440 anos e que terminaria em 1713 com o Tratado de Paz de Utreque, passando o governo para as mãos dos Bourbons. Fenícios, cartagineses, godos, vândalos e ostrogodos também deram o seu contributo para a riqueza cultural, linguística, gastronómica e patrimonial que faz da Sicília um lugar tão especial, onde a história dos povos do Mediterrâneo pode ser estudada e apreciada por todos os que visitam a ilha, através das marcas de uma herança que o tempo não conseguiu apagar.

 

Outras propostas

Mas visitar a Sicília não é só fazer uma viagem ao passado, a beleza natural da ilha convida a outras descobertas. As praias de Eraclea Minoa, de Castellmmare, de Aci Castelo e de Vendicari, entre muitas outras, com as suas águas límpidas, oferecem excelentes condições para a prática de mergulho e de desportos aquáticos. Alugar um barco pode ser uma excelente oportunidade para ficar a conhecer as pequenas enseadas no recorte da costa, e é sem dúvida uma óptima maneira de passar o dia. Muitas aldeias piscatórias estão, ainda, pouco desenvolvidas, daí que arranjar uma pensão ou uma estalagem possa constituir um problema, mas não deixe de aproveitar para petiscar num dos restaurantes típicos, as trattorie, que são o melhor sítio para ficar a conhecer os sabores da gastronomia siciliana, que inclui tanto pratos de peixe como de carne, vegetais, frutos, cuscuz e queijos, sem esquecer, claro está, a pasta. Tudo acompanhado com um bom Bianco d’Alcamo, um vinho de sabor e aroma frutados, ou um Cerasuolo di Vittoria, vinho vermelho à base de uvas Frappato. Aproveite, também, para espreitar as pequenas oficinas e lojas de artesanato, as “feirinhas” de rua e os mercados, onde por vezes se conseguem comprar pequenas e curiosas lembranças a preços convidativos. (…)