BANGUECOQUE

MUNDO DE CONTRASTES

 

Há de tudo nesta cidade, que concentra as mais ancestrais tradições e os hotéis e bares mais cool do momento, falsificações e as marcas mais trendy, anjos e demónios… Banguecoque vive freneticamente.

 

Negoceia-se o preço com o condutor de tuk-tuk que serve de guia pela “cidade dos anjos”. A humidade cola-nos a roupa ao corpo. Há uma constante neblina provocada por milhares de carros que se amontoam num caos organizado (é uma das cidades com maior congestionamento de trânsito do mundo), que se mistura com o incenso dos templos e o fumo das cozinhas ao ar livre. O velho e o novo estão lado a lado, arranha-céus e pagodes ancestrais. Em bancas improvisadas vende-se toda a espécie de quinquilharia, mesmo diante de luxuosas montras de Chanel, Prada ou Gucci. Banguecoque divide-se entre a ostentação e a simplicidade, entre o consumismo e as tradições milenares. Capital do país desde 1782, Banguecoque era antes um pequeno assentamento nas margens do rio Chao Phraya (actualmente tem 10 milhões de habitantes). No século XIX, quando a Europa colonizava meio mundo, o reino do Sião (que só passou a denominar-se Tailândia em 1939) foi o único país do Sul da Ásia que escapou ao controlo do Ocidente, o que permitiu preservar a sua identidade e as suas tradições. Fiéis ao rei, os tailandeses continuam a venerar o soberano (a Tailândia é uma monarquia constitucional desde 1932). O rei Bhumibol Adulyadej (Rama IX) subiu ao trono em 1946 e é o monarca vivo que reina há mais tempo no mundo inteiro. A maioria da população segue a filosofia budista e os templos estão por todo o lado. Alguns dos mais importantes são o Wat Phra Kaeo ou Templo do Buda Esmeralda (que apesar do reduzido tamanho é a principal figura de culto religioso do país), situado no complexo do Grande Palácio, na cidade antiga conhecida por Rattanakosin, que reúne palácios e templos, entre os quais uma réplica do Angkor Wat. Não muito longe fica Wat Pho, onde se encontra o famoso Buda Reclinado, com 46 metros de largura e 15 de altura, o maior e o mais antigo de Banguecoque. Aqui está também sedeado um importante centro de medicina tradicional, que integra o Instituto de Massagens, dos mais conceituados e que forma profissionais que hoje trabalham em spas nos quatro cantos do mundo. Depois de calcorrear a cidade, entregue-se ao prazer de uma foot massage, que com certeza lhe vai dar asas

 

Apelo consumista

O rio Chao Phraya – que significa “rio dos reis” – é a via fluvial mais importante da Tailândia. As suas águas irrigam terras do cultivo do arroz e garantem o transporte de pessoas e bens ao longo dos canais até encontrar o mar do golfo da Tailândia a cerca de 60 km da cidade. Aqui respira-se um pouco da cidade antiga, com casas coloridas nas margens e um vaivém de pequenas embarcações a motor. É preciso percorrer uma hora de caminho para chegar ao animado Damnoen Saduak, na província de Ratchaburi, a sudoeste de Banguecoque. É um dos últimos mercados flutuantes da Tailândia, onde o negócio se faz desde o nascer do Sol até ao final da manhã. Às primeiras horas, assiste-se às trocas entre os locais que se abastecem do essencial. Depois, chegam os turistas em busca de souvenirs e o comércio anima nos escassos metros quadrados em que o movimento dos canais pára para fazer negócio. De regresso ao centro de Banguecoque, o verdadeiro apelo consumista palpita em Siam Square. Centros comerciais gigantescos, como o MBK, World Trade Center, Gaysorn, Siam Center ou o moderno Siam Paragon, estão a meio caminho de armazéns grossistas onde se compra tudo às dúzias por muito poucos euros. É aqui que se encontram também as propostas dos designers locais em lojas alternativas. Mas é em Chinatown, vestida de amarelo e vermelho, vibrante de néones e atravessada por fios eléctricos, que parece transportar o viajante para outro destino, que se descobre o mundo das pechinchas e das inutilidades. Há arranjos de flores embrulhadas em papel de jornal, frutas e legumes, peixe e carne, ouro vendido a metro, jogos de sorte e azar, contrafacção de marcas europeias, artigos electrónicos e cópias de DVD dos filmes que acabam de estrear, ervas medicinais, fatos feitos por medida da noite para o dia, amuletos… Quando a noite cai, o movimento prossegue em Suam Lum Night Bazaar, onde as compras se fazem ao ar livre. Um local jovial, divertido, miscelânea exótica de estilos e influência. Outra opção é Patpong, o mais conhecido de todos. Libertino, pejado de casas de massagens dúbias, ganhou fama com o negócio paralelo da prostituição e casas eróticas.

 

Condimentados q.b.

Bebe-se uma Singha (cerveja tailandesa) para acalmar o estômago dos sabores puxados por condimentos e picante. Nas consultas, recomenda-se cautela com frutas e legumes não cozinhados, água da torneira, produtos lácteos, ovos e alimentos mal cozinhados, pois, caso contrário, estão reunidas condições que dificilmente a vacina da febre tifóide poderá controlar (é importante ir a uma consulta algumas semanas antes da viagem).

Precauções à parte, depressa vai perceber se o seu estômago o deixa ir além dos pratos de arroz. A gastronomia tailandesa é perfumada com aromas de coco, estrela de anis ou açafrão. À noite, são cada vez mais os restaurantes que se transformam em bares que estão na moda. São caros e a clientela é escolhida a dedo. Muitos estão localizados nos últimos pisos de hotéis de luxo, animados por DJ de culto asiáticos, como o Sirocco, que continua a ter uma das melhores vistas da cidade, na State Tower (105, Silom Road), o Vertigo, no Hotel Banyan Tree (21-100, South Sathon Rd. Sathon), o lounge Three Sixty, no Millennium Hilton Hotel (123, Charoennakorn Road, Klongsan). Mas em matéria de movimento noctívago, Banguecoque é uma das cidades asiáticas mais pujantes, veja-se o Bed Supperclub, o Q Bar (www.qbarbangkok.com) ou o Face. E todos os dias há novidades.

 

Dormir com os anjos

Banguecoque reúne a nata da hotelaria de luxo. É o caso do The Oriental (www.mandarinoriental.com), um dos mais antigos, frequentado por ricos e famosos, que continua a ser dos melhores (ainda este ano integrou a Gold List da Condé Nast Traveller). The Península (www.peninsula.com), central e com belas vistas do rio. The Sukhothai (www.sukhothaihotel.com), em estilo thai Bauhaus com uma atmosfera zen e uma das melhores mesas da cidade, o restaurante Celadon. O Banyan Tree (www.banyantree.com), localizado da zona comercial da Silom Road, tem uma vista impressionante e um spa que convida a cuidar do corpo e da mente. O moderno Metropolitan (27, South Sathorn Road, Tungmahamek) surpreende com a fachada de Mies van der Rohe e revela-se um fashion victim com os uniformes pretos de Yohji Yamamoto. O Shangri-La Hotel (www.shangri-la.com), na margem do rio, rivaliza com os demais na grandiosidade e no conforto. Junte-se a simpatia que caracteriza o povo tailandês e difícil vai ser voltar para casa…