ANDORRA, A SEDUÇÃO DAS COMPRAS
Com uma paisagem caracterizada por diversos lagos escondidos no meio das altas montanhas, Andorra revela-se para quem não dispensa um contacto próximo com a Natureza. As diversas pistas e estâncias convidam à prática de desportos de inverno e as óptimas condições oferecidas não deixam ninguém indiferente. Mas os atractivos deste principado não se ficam por aqui, aventure-se.
O pequeno Principado de Andorra ocupa cerca de 500 quilómetros quadrados de território montanhoso dos Pirenéus, entre Espanha e França. Outrora um território essencialmente agrícola e dedicado à pastorícia e à caça, hoje em dia é famoso, sobretudo, por ser um paraíso livre de impostos. A sua principal atracção são as mais de 4 mil lojas – que, com a sua oferta de produtos versátil e irresistível, nos levam muitas vezes a esquecer as lindíssimas paisagens montanhosas, ideais para a prática de esqui e passeios a pé – e o encanto rural, ainda preservado, de pequenas aldeias pitorescas. Depois de uma espreitadela ao Mercado do Diamante, um estabelecimento impressionante pela sua arquitectura vanguardista e pelas pinturas nos seus interiores, onde descobrimos uma colecção de diamantes e pedras preciosas, exclusivas para Andorra, e peças de joalharia extraordinárias, deambulámos pelos imensos bazares e mercados populares, antes de nos decidirmos por uma visita pelas ruas da capital. Na verdade, ficámos um pouco desiludidos, pois Andorra la Vella não tem especial beleza ou interesse arquitectural. Sem nos darmos conta, distraídos como estávamos pelas montras e pelo movimento intenso que nos envolvia, ao circularmos pela Avinguda Meritxell, a certa altura, compreendemos que já tínhamos saído da capital e entrado em Les Escaldes. O mais curioso era que não tínhamos saído da mesma rua, que, inesperadamente, já tinha outro nome: Avinguda Carlemany. Desistimos de procurar alimentar a alma com o confuso centro urbano. O que, de facto, nos impressionava era a paisagem que nos rodeava: para onde quer que olhássemos, a grandiosidade das montanhas dominava. Sentíamo-nos no centro da Terra.
Optámos por fugir à tentação das compras e, corajosamente, subimos aos pontos altos de Andorra la Vella, onde tivemos oportunidade de nos deliciar com a vista da cidade metida no vale, e partimos à procura dos lagos escondidos no meio das altas montanhas. Caminhámos durante todo o dia, aproveitando para limpar as vistas e purificar os pulmões, e fomos compensados pela beleza do conjunto de lagos de Cercle des Pessons. Cumprindo os trilhos pedestres aconselhados, descobrimos algumas igrejas românicas muito interessantes, como a de Sant Martí de La Cortinada. Não demos pelas horas e a certa altura reparámos que a tarde começava a fugir. Estava na hora de pensarmos onde iríamos ficar nessa noite. Sabíamos que, em caso de emergência, dispúnhamos de refúgios espalhados pela montanha, onde podíamos pernoitar gratuitamente, mas o cansaço levava-nos a desejar chegar a um hotel de camas macias, de preferência um que no oferecesse “águas e descanso”, e para isso já nos tinham falado do Valira, do Carlemany e do Muntanya. Era uma questão de tentar um deles, já que nos tínhamos arriscado àquela viagem sem reservas marcadas. Caso não tivéssemos sorte, outra hipótese era tentar uma estância de desportos de inverno, como Pas de la Casa – Grau, Soldeu – El Tarter ou a Arinsal.(…)