“DISLÉXICO, HIPERACTIVO, ASPERGER E OUTROS QUE TAIS”
Na semana passada o meu filho chegou a casa com um pedido especial: ir visitar um farol, pois nunca tinha visto nenhum, só em fotos, e na escola era o tema da semana. Pensámos ir ao cabo Espichel. No fim-de-semana, fomos almoçar ao Meco para continuar viagem até ao farol. Toda esta introdução para vos situar no pensamento que tive e que é o mote deste artigo: “hiperactividade”, “autismo”, “Asperger”, “déficit de atenção”,“necessidades educativas especiais”. O empregado de mesa, lá no restaurante do Meco, era completamente hiperactivo… salvou-se (ou não) de ter uma referenciação quando andava na escola. Não deve ter feito mais do que a 4.ª classe (actual 4.º ano) porque o “miúdo não parava um segundo na carteira, parece que tinha bichos-carpinteiros”. Eu nem sequer sei o nome do empregado de mesa, mas abordou-nos mil vezes no sentido de perguntar se queríamos mais alguma coisa, se o almoço estava a gosto e arrumou quinhentas vezes a mesa: uma canseira mas também uma eficiência. Recuemos agora 30 anos na Educação, é fácil perceber o rótulo que não teve (ou melhor, que o meu imaginário “imaginou” que não teve?) Nenhum… e pensem numa criança de sete anos com esse perfil, neste contexto actual: “hiperactivo com deficit de atenção” e medicadocom ritalina, com relatórios médicos para a equipa de educação especial e para o professor da turma e um pedido de nova avaliação pela escola para ser “acompanhado”!!! Resumindo: uma criança diferente que possivelmente fará a escolaridade toda (se calhar, mais devagar) e que virá a ser um quadro de uma empresa, “safando-se” de trabalhar num restaurante na praia do Meco.(…)