MBA

UMA OUTRA FACE DE UM MBA

Muito se discute sobre a qualidade dos conhecimentos adquiridos num MBA e o impacto real na performance profissional dos ex-alunos. Porém, é também importante abordar, de forma leve, o impacto que tem, durante a frequência do curso, na vida social e pessoal dos alunos e seus familiares.

 

Comecei a perceber o que me poderia esperar quando, ainda antes de o curso começar, me mostraram a sala de trabalho que a universidade tem à disposição, em exclusivo, para os alunos de MBA. Trata-se de uma sala ampla, com diversas mesas de trabalho, um quadro de simpáticas dimensões e diversos sofás. No entanto, o que mais me chamou a atenção foi a máquina de café. Ingenuamente perguntei para que era necessária a máquina de café, pois o bar da universidade era relativamente próximo. Foi a resposta que me deixou em alerta. “O bar fecha muito cedo”, disseram-me. “Se quiser um café a meio da noite, não tem sitio onde ir.” Em particular, foi o “a meio da noite” que me consternou. Depressa a força da experiência me ensinou a razão de ser da máquina de café. Poucos dias depois de começado o curso, entrei na sala de trabalho do MBA, deveriam ser umas oito da noite, e deparei com um colega do ano anterior a falar com a filha, ainda pequenina, via skype. Achei engraçada a utilização de meios tecnológicos tão sofisticados para falar com a filha tão pequena e aproveitei para ter dois dedos de conversa com o meu colega mais experiente. Disse-me que não via a filha acordada há mais de 10 dias porque saía de casa antes de ela acordar e só regressava já ela dormia há muitas horas. Disse-me ainda que raramente via a própria mulher acordada, pois havia já uns dias que apenas ia a casa por algumas, poucas, horas.

Comecei a ficar deveras preocupado. Ainda assim assegurei a mim próprio que tal não iria acontecer comigo. O MBA não haveria de dar assim tanto trabalho. Percebi o quanto estava errado quando, umas semanas mais tarde, ao me cruzar com a minha mulher no corredor de casa, ela parou, olhou para mim com um ar enigmático e me perguntou: “Ora, e tu és quem?” Ri-me e afastei-me rapidamente porque tinha de ir urgentemente para a faculdade, terminar um trabalho de grupo. Lembro-me de, a caminho da faculdade, me perguntar se tinha a certeza de que ela estava a brincar. Ainda hoje não sei. (…)