VARIÁVEIS DO CRESCIMENTO ECONÓMICO:CARBONO E INOVAÇÃO
É comum enfatizar o custo económico de se descarbonizar a economia, com a tónica a cair nos elevados custos da energia, justificado pela falta de competitividade das tecnologias limpas (com excepção da eólica), quando comparadas com as tecnologias fósseis, e na adaptação da estrutura produtiva necessária para fazer face a uma legislação cada vez mais exigente em termos ambientais. Mas o que de facto convém realçar é que a economia das energias limpas representa uma das maiores oportunidades económicas no século XXI e as empresas que conseguirem responder à pressão do mercado ou do regulador serão amanhã os líderes nos seus sectores. Esta é pelo menos a convicção daquelas que encaram a descarbonização da economia como uma oportunidade para inovar e não como um risco ou desafio insustentável que, de forma mais ou menos evidente, obriga a estratégias defensivas e de protecção de mercado.
É hoje evidente que as alterações climáticas são uma das consequências do forte crescimento industrial – os níveis de emissões de dióxido de carbono cresceram exponencialmente ao longo da era industrial – e, considerações geoestratégicas à parte (independência energética), os consumidores têm a noção de que é necessário diminuir o fluxo de novas emissões de CO2 e reduzir o stock de carbono para manter o planeta saudável, sendo mais uma variável que influencia a compra de determinado produto ou serviço. Por outro lado, na perspectiva das empresas, isto implica atribuir um preço ao carbono, ou seja, implica incorporar uma externalidade negativa nos preços dos seus produtos e serviços por via do aumento dos custos dos factores capital (aquisição de equipamentos eficientes, compensação de emissões) e trabalho (criação de novas funções e contratação de especialistas em gestão ambiental). O resultado, poderá pensar-se, será a perda de competitividade, e quando mais tarde for feita a adaptação ou o investimento em tecnologias limpas, maior a vantagem da empresa. Nada mais incorrecto. Há um caminho alternativo: o de admitir, do ponto de vista estratégico, que quanto mais rápida for a adaptação a uma economia de baixas emissões de carbono melhor será a posição competitiva no mercado de amanhã. Mas realizar a adaptação sem incorrer em maiores custos de produção, ou conseguir produzir produtos e serviços de maior valor acrescentado (via preço ou diferenciação) constitui de facto desafios cuja resposta deve passar pela inovação.(…)